Por MRNews
O In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical anunciou o filme Brasiliana – O Musical Negro Que Apresentou O Brasil Ao Mundo, dirigido por Joel Zito Araújo, como vencedor da competição nacional. A decisão foi divulgada na sexta-feira (20), na 17ª edição do festival, que contou com recorde de participantes, segundo os organizadores.
O documentário faz uma profunda pesquisa de arquivos para reconstruir a trajetória de um espetáculo de teatro de revista que percorreu mais de 90 países ao longo de suas duas décadas e meia de atividade, mas, no Brasil, acabou experimentando um apagamento histórico. O filme traz depoimentos de ex-integrantes do Brasilianas e apresenta episódios curiosos, como a relação do grupo com estrelas de Hollywood, como Marlon Brando e Elizabeth Taylor.
O prêmio foi concedido por um júri formado pela pesquisadora e crítica de cinema Viviane Pistache, o cineasta e produtor Dácio Pinheiro e o jornalista, roteirista e escritor Gilberto Porcidonio.
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“Este ano o festival premia um filme que tanto diz sobre um Brasil que samba e sangra, mas que é absurdamente desconhecido, ainda que profundamente familiar. Um filme que reconstrói uma história fundamental, sobre um Brasil que por 25 anos circulou pela Europa, com corpo de baile, maestro e trilha sonora e que escreveu um capítulo da nossa história, agenciando talentos e sonhos de modo (in)consciente. Um filme que resgata uma pesquisa de arquivo que é um patrimônio imemorial, com direção de um cineasta que tem pavimentado a história do cinema negro como cinema brasileiro na diáspora”, escreveu o júri, em sua decisão.
Premiado diretor e escritor, conhecido por sua obra que aborda o negro na sociedade brasileira, Joel Zito Araújo é autor do livro e do documentário A Negação do Brasil, melhor filme brasileiro do Festival É Tudo Verdade 2001, e do longa ficcional As Filhas do Vento (2004), ganhador de 8 prêmios no Festival de Gramado. Sua obra abrange uma longa lista de filmes de curta e média metragens e outras obras duração.
Também doutor em ciências da comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Araújo concluiu pós-doutorado no Departamento de Rádio e TV na Universidade do Texas, nos Estados Unidos.
Papel fundamental
À Agência Brasil, Joel Zito Araújo afirmou que o Brasiliana teve papel muito importante na difusão da cultura brasileira na Europa e em outros continentes, convertendo-se em um capítulo da história cultural do país que precisava ser contado, mas que tinha dificuldades para isso.
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“Apesar do enorme sucesso do grupo de dança, em mais de duas décadas em várias turnês mundiais, os verdadeiros protagonistas dessa história se encaixam nos estereótipos que não despertavam interesse. O primeiro deles é que Brasiliana foi um corpo de baile formado por pessoas negras periféricas. O segundo é que a natureza do seu espetáculo é contar o que não devia ser contado, a história do negro e da cultura negra no Brasil, desde os navios negreiros até o sucesso do carnaval”, afirmou.
“Representar o Brasil através da população negra, ou apresentar o Brasil com um país negro, está a quilômetros de distância do que sempre desejou a elite política e econômica, que sempre desenvolveu uma política de branqueamento racial e cultural do país”, acrescentou Joel Zito Araújo, que dedicou o prêmio aos integrantes do grupo Brasiliana. “Fico feliz com o prêmio porque vejo ele mais para os integrantes do Brasiliana do que para mim e minha equipe. É de certa forma, é um meio de dar visibilidade ao que precisava estar visível a muito tempo. Viva Brasiliana!”, celebrou.
Exibição especial
O filme Brasiliana – O Musical Negro Que Apresentou O Brasil Ao Mundo ganhará uma sessão especial neste domingo (22), às 19h30, na área externa da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, com entrada gratuita.
O júri também concedeu menção honrosa ao documentário Amor e Morte em Júlio Reny, de Fabrício Cantanhede, que está disponível na plataforma Sesc Digital até 26 de junho.