A educação em João Pessoa percorreu um longo caminho desde os primeiros aldeamentos catequéticos conduzidos por jesuítas e franciscanos até as atuais salas digitais equipadas com Google for Education, espaços Maker e aulas de robótica com a LEGO® Education. Essa trajetória reflete mudanças profundas no modelo pedagógico, no acesso à escolaridade e na concepção do papel da educação na formação cidadã. Atualmente, a capital paraibana se consolida como referência nacional, unindo tradição histórica, tecnologia e inclusão para atender cerca de 76 mil estudantes da Educação Infantil ao Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Nos tempos coloniais, a instrução ficava a cargo das ordens religiosas, que ensinavam latim, catecismo e valores morais para um grupo restrito, enquanto grande parte da população permanecia analfabeta. A expulsão dos jesuítas no século XVIII, com a Reforma Pombalina, marcou uma virada em direção ao ensino laico e estatal, influenciado pelas ideias iluministas. No século XIX, marcos como a criação do Lyceu Paraibano, em 1836, indicaram a institucionalização do ensino público secundário, ainda que de forma limitada e excludente.
Com o século XX, vieram a Constituição de 1934, a primeira Lei de Diretrizes e Bases (1961) e uma gradual descentralização da educação, que deu maior autonomia a estados e municípios. No entanto, desafios persistiram por décadas. Estatísticas dos anos 1990 revelavam que metade da população adulta da Paraíba ainda era analfabeta e que os índices de evasão escolar eram elevados. Nesse contexto, a educação municipal de João Pessoa passou a se reestruturar, especialmente nas últimas duas décadas, com investimentos em infraestrutura, qualificação docente e políticas inovadoras.
O prefeito Cícero Lucena destaca que a mudança é perceptível. “Eu quero dizer da minha alegria e da minha felicidade de ver João Pessoa com uma escola pública de qualidade igual ou melhor que as melhores escolas particulares. Estamos formando profissionais na área de robótica, que é uma opção de futuro, e isso só é possível com investimentos e visão”, destacou.
A secretária de Educação e Cultura de João Pessoa (Sedec-JP), América Castro, aponta que os avanços recentes resultam de planejamento e dedicação coletiva. “É uma alegria falar sobre os avanços na nossa gestão, o cuidado com a primeira infância, a alfabetização na idade certa e o compromisso com a permanência dos nossos estudantes no ensino fundamental. João Pessoa avançou muito e prova disso são os prêmios alcançados, como o selo Ouro do MEC e o 10º lugar no ranking nacional de alfabetização”, revelou.
Esse reconhecimento veio com a conquista do Selo Ouro do ‘Compromisso Nacional com a Alfabetização’, concedido pelo Ministério da Educação em 2024, após a rede atingir 95 pontos em critérios como formação docente, avaliação interna e equidade racial. Para América, o resultado reflete a união de esforços. “Meu agradecimento vai para as equipes escolares, sobretudo os professores e professoras dos anos iniciais, que se dedicam diariamente para garantir o direito à aprendizagem das crianças da nossa rede”, disse.
A educação infantil é tratada como prioridade, com ‘Ninhos do Saber’ para crianças de 0 a 3 anos e pré-escolas para crianças de 4 a 5 anos. As unidades oferecem ambientes estimulantes, cuidadores, acompanhamento pedagógico individualizado e integração com serviços de saúde e assistência social. Esse modelo busca promover o desenvolvimento integral e preparar as crianças para as etapas seguintes do aprendizado.
Ensino inovador – Além disso, a Rede Municipal de Ensino adota metodologias inovadoras. “Salas Google, espaços Maker, aulas de robótica, Chromebooks e tablets com internet já fazem parte da realidade dos nossos professores e estudantes”, explica América Castro. “Valorizamos nossos professores, cuidamos da formação e ampliamos a inclusão com mais de 2.500 cuidadores voluntários. O futuro será ainda mais promissor com programas como o JP Edu 4.0 e a Poupança Futuro”, acrescentou.
A secretária executiva de Educação, Luciana Dias, reforça como essa abordagem transforma a dinâmica escolar. “Eles mergulham no conhecimento de forma lúdica. Aprendem brincando, discutem ideias, participam mais e se tornam protagonistas do próprio aprendizado”, frisou.
A tecnologia também está presente no ensino fundamental. O programa municipal de robótica educacional, em parceria com a LEGO® Education e a metodologia internacional FIRST® LEGO® League, já alcançou mais de 11 mil alunos. Para Guido Lemos, secretário de Ciência e Tecnologia (Secitec), o impacto vai além da sala de aula. “Crianças estão aprendendo a programar, construir robôs e resolver problemas reais. Estamos formando cientistas com sete ou oito anos de idade”, garantiu.
Diego Sérgio, diretor de Tecnologia da Informação da Prefeitura de João Pessoa, acrescenta que a cidade se tornou referência nacional. “Temos mais equipes de robótica que muitos estados vizinhos e realizamos torneios elogiados nacionalmente. As crianças desenvolvem habilidades essenciais para o século XXI, como criatividade e cooperação. Isso tem transformado João Pessoa em referência em todo o Brasil”, exaltou.
Essa integração entre tecnologia, inclusão e formação cidadã também é percebida pelas famílias, que relatam satisfação com a qualidade das escolas e o progresso dos filhos. Mães destacam que os filhos aprendem a ler cedo, usam ferramentas digitais, interagem mais em sala de aula e recebem atenção cuidadosa dos professores, confirmando o reconhecimento nacional e o impacto positivo do modelo municipal.
A trajetória de João Pessoa, que começa na catequese jesuítica e chega à educação digital, ilustra como políticas públicas bem planejadas podem transformar a realidade educacional. Hoje, a rede municipal alia tradição histórica e inovação pedagógica, prova de que a educação pública pode oferecer qualidade, equidade e oportunidades concretas para construir um futuro mais justo e desenvolvido.
